quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Brainfreeze (ou O Frio Congela Minha Criatividade)

Estou morando em Londres há 3 meses. Vim com a intenção de escrever todos os dias, viver estórias engraçadas e dias memoráveis. Mas me encontro sem criatividade para escrever até esse simples desabafo. O frio aqui se torna parte das pessoas, ninguém ajuda ninguém, todos tão educados e respeitosos. Escrotos. Essa falta de educação e respeito que eu muitas vezes critiquei nos brasileiros, me faz falta hoje.
E o frio parece me congelar, me atrasar, tirar a minha fúria, minha urgência. É difícil escrever sem fúria.
Amanhã começo a procurar um novo objetivo, algo para buscar e por que lutar. Ou talvez eu começe na outra semana.

sábado, 19 de junho de 2010

O Inferno, Segundo o Envagelho de Bruno

Assim que você morre ainda não percebe para onde foi. Você se encontra no meio de uma balada, uma festa, você já está meio bêbado e sua cabeça dói um pouco de tanta cerveja e cigarros. Há uma garrafa vazia na sua mão, então você compra uma bebida. Por todos os lados garotos e garotas bem vestidos dançam ridiculamente, sentindo-se superiores uns aos outros e exibindo seus corpos em poses ensaiadas no espelho, mostrando seus melhores traços e perfis. Como se sentem melhores que você, nenhuma garota sequer olha na sua cara. Você compra outra cerveja. A música repete uma batida eletrônica chata a qual ninguém consegue dançar no ritmo. De vez em quando um cara para pra falar com você, te fazendo pensar que fez um amigo, mas o cara não para mais de falar e conta estórias como do dia que tirou um olho de peixe do pé. Outra cerveja, a dor de cabeça aumenta e você continua só meio bêbado. As pessoas dançam, a música toca e você não sabe se está no limbo ou se ficou louco. Mas isso dura a eternidade e, infelizmente, o dinheiro acaba.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Em Casa (ou De Volta para o Futuro)

Novamente desempregado, de volta à casa dos meus pais no interior. A casa onde cresci. Não é a primeira vez que volto, mas é a primeira vez que escolho voltar. Parece fazer tanto tempo desde que me senti em casa nesse lugar. Houve o tempo em que não me sentia em casa em lugar algum. A cidade grande parecia que nunca fora meu lugar e a cidadezinha da minha infância parecia diferente demais das minhas memórias.
A estória é a seguinte, uns anos atrás a cidadezinha pareceu ficar pequena demais para minhas ambições e minha imaginação, ninguém compartilhava dos meus interesses (além dos três caras que, comigo, formavam uma banda de rock). Mudei então para a capital. A cidade grande tinha tudo que eu podia querer e ainda mais: os bares, a arte, a música e as pessoas que poderiam me entender.
Depois de cinco ou seis anos, consegui juntar mais uns quatro amigos. A verdade é que EU não entendo as pessoas. Em São Paulo as pessoas se levam a sério demais, nunca consegui entender isso, não vejo mais tribos, vejo tipos. Todos fazem tipo. Senti falta das risadas sinceras do interior. Falta das pessoas que não sabem conversar sobre música e arte, mas sabem falar besteira e beber cerveja como poucos.
Noutro dia andei pelas calçadas e passei pela banca de jornal onde fiz alguns trocados na minha infância, a escola onde estudei e a praça onde aprendi sobre garotas. As meninas daquele tempo viraram mulheres, algumas com filhos, e se escondem em algum lugar. As que passam por alí agora, provavelmente são ilegais para mim. Nas ruas cheias de lojas que nunca vi encontro poucos conhecidos. Novamente não me sinto em casa, mas parece um lugar legal para explorar.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Tem Planos Para Amanhã?

Sempre tive minha maneira particular de lidar com o amanhã: Não fazer planos. Planos sempre foram, na minha concepção, a forma mais fácil de alcançar o desapontamento. Planos frequentemente falham e o amanhã chega de um jeito ou de outro.
Hoje, porém, não consigo mais lidar da mesma maneira com o amanhã. Aos vinte e poucos anos, a burocracia e os compromissos me alcançaram, e parecem estar sempre um passo a frente das minhas vontades de última hora. Não consigo encontrar meus amigos, organizar minhas viagens ou almoçar com minha família sem pelo menos alguns dias de planejamento antecipado.
Ontem tudo parecia mais fácil, todos estavam sempre disponíveis para mim e minhas decisões de útima hora. Amanhã tudo vai estar diferente.
Aprender a planejar parece cada vez mais importante quando aprendemos a crescer. Estou aprendendo a crescer. E talvez um plano frustrado seja melhor que um amanhã igual a hoje, e igual a ontem.
Hoje estou sem planos, mas amanhã vai ser um novo dia.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Marchinhas Murchas (ou Carnaval Não Vem de Bandeja)

"Acho que não foi uma boa escolha."
Esse foi o primeiro pensamento que cruzou minha mente ao acordar na sexta-feira, início do Carnaval. Todo mundo me dizia, meses atrás:
- Trabalhar em restaurante é assim, não tem fim de semana, e não tem feriado!
Eu não mostrara dúvida, gosto de trabalhar com comida, gosto de trabalhar com pessoas e gosto de trabalhar à noite.
Mas o Carnaval chegou rápido. Me pegou desprevinido.
À noite, o folião dentro de mim parecia cantar, "Chiquita bacana, lá da Martinica...", mas meus lábios só diziam:
- Boa noite, querem pedir alguma bebida, algum aperitivo?
Cheguei em casa na madrugada de sábado a tempo de ver o desfile na TV. Peitos, bundas, cervejas, pandeiros e muita alegria do lado de lá. Do lado de cá, eu, começava a cochilar.
Acompanhei tudo pela tela, cinco dias de festa. Mas não parecia Carnaval, não para mim.
Deitado na cama, a cada noite, as marchinhas na minha cabeça perdiam o ritmo, os peitos e bundas murchavam, e as cervejas esquentavam. Na terça-feira tudo acabou e, na quarta, minhas esperanças viraram cinzas.
Meu objetivo, porém, ficou de pé. Um dia vou abrir meu próprio restaurante. Quem quiser trabalhar será benvindo, mas já aviso, trabalhar em restaurante é assim, não tem fim de semana, e não tem feriado!