quinta-feira, 26 de junho de 2008

O Frio (ou Encontros e Desencontros)

Tá fazendo frio aqui em São Paulo ultimamente.
Isso, somado às atividades diárias compulsórias - como crescer na vida - me deixaram sem sair muito de casa. Mas aí começaram as férias, e eu saí para comprar uns livros que preciso ler para fazer minha tese de conclusão de curso (da faculdade), me vesti adequadamente para o frio, e saí.
Quase na porta do metrô, encontro uma antiga amiga que, havia 1 ano, estava morando fora do país. Depois de um grande abraço e palavras de saudade:
...- Você não estava nos Estados Unidos?
...- Estava. Cheguei ontem, você é a primeira pessoa que eu encontro.
É sempre bom ser o primeiro, não importa em que. Trocamos telefones e combinamos de combinar alguma coisa.
Continuei meu caminho.
Na livraria, depois de um longo tempo tentando explicar o tipo de livro que eu queria encontrar, o atendente e eu desistimos. Não encontrei nenhum dos livros que precisava para o meu TCC, mas encontrei um ótimo livro de crônicas do Rubem Braga, acabei comprando.
Saindo da livraria, na entrada do Metrô, havia um homem já de certa idade, terno e gravata, tocando habilmente uma flauta transversal, acompanhado de uma caixa de som e um tocador de MP3. Moderno. Mais a frente, dois meninos, novinhos e sujinhos, esperando o farol fechar com bolas de tênis nas mãos. Observei. Ao sinal vermelho, um subiu nas costas do outro, e começaram, os dois ao mesmo tempo, a trançar as bolinhas no ar. Quase um Cirque du Soleil do trabalho infantil.
Eu, acompanhado de uma garota que acabara de conhecer, e a quem prometera acompanhar até a avenida Brigadeiro, não pude deixar de comentar:
...- Tudo é tão mais chique no frio, não acha?
Ela, observando as pessoas passarem de polainas e cachecóis, sorriu e disse:
...- É verdade.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Vacas e Palhaços

Tenho, na minha cozinha, alguns objetos em forma ou com desenhos de vaquinhas. Nada demais, uma leiteira, uns panos de prato, coisas assim. O suficiente para que algumas pessoas achem ridículo. Mas eu me explico.
Eu sei que é ridículo! Não sou uma daquelas mulheres que aparecem no Fantástico, com os criados-mudos cheios de badulaques em forma de porquinhos, cor-de-rosa. Acho as vacas engraçadas, mais ainda quando desenhadas, animais grandes e gordos, malhados de preto no branco (ou vice-versa), de caras redondas, tetas rosadas (que mais parecem luvas de borracha cheias de ar), e que falam . As vacas são mais engraçadas que os palhaços.
Pra mim, os palhaços sempre pareceram e parecerão figuras tristes, aquela velha imagem do Pierrot. Fazer rir as pessoas por trabalho, e ser considerado um palhaço o resto do tempo me parece um pouco deprimente.
As vacas me fazem rir sendo elas mesmas,
comendo grama e falando mú.
Não sou nenhum palhaço colecionador de badulaques, simplesmente, as vaquinhas me alegram. E se um dia você vier me visitar, espero que te alegrem também.
.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Sou mais o Mario Prata

Escrever crônicas é uma habilidade que tento desenvolver. Adoro ler crônicas, adoro escrever qualquer coisa - que venha da minha cabeça, odeio reescrever - e ainda não resolvi a profissão que quero seguir. Então, ser escritor seria uma boa.
Como gosto de ler boas crônicas, além de livros, jornais e revistas - pricipalmente a Piauí -, vasculho blogs. E sempre me mordi de ciúmes ao ler as crônicas de um ex-namorado de uma ex-namorada minha, desde quando estávamos juntos. O cara escreve bem, é criativo, sagaz, e inteligente. Escreve de forma um tanto rebuscada, bem diferente de mim.
Porém, ao ler um dos meus cronistas favoritos, o Mario Prata, minha opinião muda. Talvez seja muita pretensão minha me comparar à ele, mas me identifico, sim. Suas crônicas podem ser lidas no banheiro, em voz alta no almoço de domingo, durante aquela aula chata de Estatística. São divertidas e bem variadas.
Por enquanto, eu escrevo de uma só vez, sem me preocupar com quem vai ou não vai ler, mais para praticar. Mas um dia, quem sabe...
E hoje, não me preocupo mais com o ex da ex, sou mais eu e o Mario Prata.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Dia dos Namorados

Dia dos namorados, sozinho....nunca me incomodou. Claro, até o momento em que eu passei meu primeiro dia dos namorados sozinho, depois de um longo e sério namoro.
Eu estava em casa, sozinho...liguei pra uma amiga e ela "desculpa, não posso sair com você hoje, mas acho que você deveria beber, sozinho mesmo, as vezes é bom ir até o fundo pra voltar melhor".

Resolvi enfiar o pé na jaca...minha chance de voltar a ser o bom e velho eu, beber, conversar com a mulherada e conhecer um monte de gente. Mas, quando a gente não tá bem...
Tomei umas em casa, saí, tomei mais duas cervejas e....de repente...o salão já começa a girar.
Uma moça olha pra mim, eu não faço nada.
Outra moça olha pra mim, eu não faço nada.
Uma loura me puxa pra dançar, segura minha jaqueta, eu dou uma rebolada (imagina um tiozão bebado dançando), e saio.

Depois de todas essas eu penso "por que não fiz nada?", só pensava na ex....maldita ex...

Não conheci ninguém, não falei com ninguém, comecei a passar mal...

Saí, peguei um taxi, e fui cambaleando até chegar em casa...

Cheguei, o porteiro abriu o portão....eu disse "peraê" e voltei, vomitei na sarjeta, na frente do prédio, na frente dos porteiros, e não foi pouco, foi muito, e de cócoras...
Levantei, agachei de novo, levantei... entrei, disse "perdão!", e subi. Pensando que de uma forma ou de outra...eu acabei enfiando o pé na jaca.

E acordei, me sentindo bem melhor.

Moderna (música malterminada)

Ela, uma garota tão moderna
e eu olhando as suas pernas,
no momento em que ela me notou.

Eu alí sentado na cadeira
tomando minha cerveja,
típico cara do interior.

Ela tão segura de si mesma,
um sorriso e uma certeza
que sabia o que vinha depois.

Eu com a mesma cara de idiota
com medo de abrir a porta
e ela não voltar mais.